segunda-feira, 27 de maio de 2013

O que são as abordagens/ linhas em psicoterapia?



Fonte: Getty Images

            É bem comum receber pessoas em meu consultório que logo me perguntam sobre minha linha de trabalho. Noto que o tema é um pouco confuso, até para aqueles que já participaram de um processo terapêutico antes.

            Na história da psicologia, tivemos  ( e temos até hoje,  claro) diversos teóricos que pensaram sobre o humano. Cada qual construiu suas ideias a partir de um contexto específico, envolvendo suas experiências profissionais e pessoais. Perls, Hefferline e Goodman (1951), autores do livro principal da Gestalt-Terapia – meu referencial teórico -, afirmaram:

“Não é de surpreender que cientistas responsáveis possam chegar a tantas teorias discrepantes se tivermos em mente que, por razões diversas de personalidade e reputação, diferentes escolas de terapeutas recebem pacientes de tipos diferentes, e estes demonstram ser comprovações empíricas de suas teorias e a base para hipóteses adicionais na mesma linha” (p. 89).

            Podemos refletir a partir da colocação dos autores que a variedade de teorias em psicologia clínica se justifica pela variedade de experiências vividas pelos terapeutas que teorizaram sobre o funcionamento do humano, uma vez que as teorias surgiram a partir da experiência prática dos clínicos. Assim, podemos pensar que cada modelo de psicoterapia é eficaz porque já foi eficaz para algum tipo de paciente e, naturalmente, seguirá sendo eficaz para outras pessoas parecidas. 
            Penso que esta variedade de teorias existentes enriquece o nosso conhecimento sobre o homem e amplia nossas possibilidades de compreender e ajudar diferentes pessoas a lidarem com diferentes questões em diferentes contextos. Uma pessoa pode ter melhores resultados com uma terapeuta comportamental, enquanto outra, com uma psicanalista, ainda que terapeutas formados em quaisquer destas abordagens sejam capacitados para atender a todo tipo de público.

E o que isto tudo significa para o cliente? 

            Eu acredito que a abordagem em si deveria importar muito pouco para o cliente. A teoria e a metodologia são essenciais para o terapeuta pois é a partir destas que o profissional conduzirá o tratamento. Na maioria das vezes, o cliente notará poucas diferenças entre uma abordagem e outra, pois o instrumento de trabalho principal em qualquer psicoterapia será a fala, apesar de não ser o único.

Então... como escolher um terapeuta?
            Recomendo que o cliente analise a escolha pelo seu terapeuta a partir da relação criada com ele. Sentir-se acolhido pelo terapeuta e confortável em sua presença será muito mais importante para o seu desenvolvimento na psicoterapia do que saber a linha de trabalho utilizada. Do mesmo jeito, oriento: se não der certo com um terapeuta, não desista de outros apenas por compartilharem de um mesmo referencial teórico. Existem tantas formas de ser terapeuta quanto existem de “ser gente”. Certamente, a abordagem não será a única responsável para determinar o tipo de relação que você terá com seu psicoterapeuta. 
              Recomendo também a leitura deste artigo: COMO ENCONTRAR UM BOM PSICÓLOGO? (OU COMO ENCONTRAR UM PSICÓLOGO BOM) , que trata de algumas questões de ordem mais prática que podem orientar sua escolha.


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Referência Bibliográfica: 
Perls, Frederick; Hefferline, Ralph; Goodman, Paul (1951). Gestalt-Terapia. Ed. Summus, São Paulo. 

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